No modulo Cultura, Linguagem e Dialogismo, com a professora Edwiges Zaccur, assistimos ao filme: O LEITOR e iniciamos uma discussão sobre as questões que nos levaram a pensar sobre alfabetização.
Eu li o livro antes de assistir ao filme e as imagens e a leitura ficaram atravessando em minha mente. O livro é muito completo, apresenta cenas que o filme não possui, dá explicações mais detalhadas e deixa a construção dos personagens (imagens) e do local, por conta de nossa imaginação e criamos livremente (como geralmente acontece). No filme as imagens falam por si.
O título não deixa claro o conteúdo do filme e me levou a um outro entendimento, pois a grande questão central não é aquele que lê (Michael Berg), mas aquela (Hannah Schmitz) que não sabe ler. Alguns momentos no filme foram muito marcantes:
1º quando a Hannah entra pela primeira vez na biblioteca e olha ao redor. Não sabia nem como pegar um livro emprestado e, de posse do mesmo tenta pela primeira vez acompanhar a leitura, através das fitas e do livro.
2º quando Michal Berg recebe pela primeira vez um bilhete de Hannah, escrito com dificuldades, a letra escrita com força, marcada.
A ida de Hannah a biblioteca é a abertura de um mundo novo e escrever sozinha o bilhete é se tornar protagonista, realizar um desejo, pois até a aquele momento ela dependia de outros para entrar no mundo da leitura e da escrita, agora ela passa a ser a protagonista da leitura/escrita da palavra, da sua história.
Não saber ler e escrever é motivo de vergonha, desqualificação, levando a personagem a preferir a prisão perpétua a ser descoberta como analfabeta.
Desqualificamos tanto aqueles que não leem, que seus saberes e seus fazeres, ficam invisibilizados.
Como professora alfabetizadora que sou, tento não desqualificar meus alunos, seus pais e sua família, levando em conta seus saberes/fazeres, aprendendo/ensinando, caminhando junto.
Ana Regina Pelegrino