sábado, 26 de setembro de 2009

“COTIDIÁRIOS – DIÁRIOS DOS POSSÌVEIS”- A Aula como “acontecimento”


Uma turma , uma proposta de trabalho e muita expectativa de ambas as partes : estudantes- professor@s e professoras- estudantes. Tudo aparentemente simples... Simples? Vamos à proposta:

“Perguntar de forma coletiva ao texto lido” , questioná-lo , virá-lo pelo avesso tentando comprender suas veredas, seu movimento de construção, sua articulação com a “escola nossa de todo dia”.

É possível “aprenderensinar” desse jeito ? A prof. Luciana existe, a sua turma é real ? É possível contruir o sucesso na eterna produção do fracassso das crianças das classe populares ? É possível construir uma escola que reconheça crianças e professora(s) como produtoras de conhecimentos ? Uma escola pautada na “dúvida como metodo ?” Uma escola pautada na alegria de conhecer ?

Vamos novamente à proposta:

Provocar o grupo a interrogar o texto lido , prescrutá-lo , identificando em seu movimento “questões de aprofundamento”, “questões de adensamento” ... Como transformar a sala de aula no espaço de circulação de conhecimentos, de circulação de poderes , de implicação, co-responsabilidade e de afetos? A Escola da Luciana existe, é real ?

É possível “aprenderensinar” o conhecimento de si , do outro , do mundo quando a escola é vista como o “lugar da falta”, e da impossibilidade ...

Vamos à proposta:

Inquirir o texto, lê-lo com “olhos de estranhamento” e vontade de se deixar levar por ele, pelo seu rumor, pelo seus desfiladeiros: O texto como pretexto. O texto como um convite a uma leitura a contrapelo da escola “oficial”, da escola narrada, vivenciada (apenas) pelo lugar de sua imposssibilidade... Ora, é possível esta escola ? Ela é produção inventiva ou /e produção normativa dos “currículos oficiais?”

Ela é apenas uma outra produção discursiva ? Vamos ao texto ...

Ora, sabemos que ser professo@ é sempre um processo de (re)invenção: Não há uma essência ou uma natureza docente. Construímos o nosso ethos professoral/profissional em inúmeras dimensões formativas, transitando tanto no “mundo da vida”, quanto no “mundo da escola”... Como assim ? Relembremos , vamos pensar um pouco no Inventário de nossos processos formativos... lá no curso Normal , nas Graduações , nas Pós-Graduações , nos Mestrados e Doutorados (inclusive nos Pós-doutorados )... O que nos passa ? O que nos atravessa ? Quais as práticas e os discursos hegemônicos que apreendemos, e que de uma forma ideológica vamos reproduzindo de uma maneira quase”natural” ... É possível recuperar , atualizar o momento que nos vemos reinventando/superando/recriando estes discursos dentro da gente? Dialogando com Antonio Nóvoa, somo provocados a pensar que , com base em suas pesquisas ( e tantas outras realizadas pelo GRUPALFA), mesmo em todo o processo de racionalização e uniformização da formação docente ( da “oficial” ), cada um de nós continuou a produzir, no mais íntimo, a sua maneira de ser professor@. Na construção de nossa prática pedagógica e política, desenvolvemos habilidades pessoais tais como a capacidade de improvisação, os macetes, os gestos , os estilos , o nosso jeito de ser professor@... Na melhor tradição “abelardiana” buscamos um devir professoral que nos permita “seduzir” (epistemologicamente, claro !!) os nossos parceiros, sejam estes crianças , jovens e/ou adultos... Se a escola, se a educação em seu sentido ampliado implica em “atrair para” , somos fadados a tentar atrí-los , e aí, meus camaradas , Não é mole, não !!!! O jogo da sedução epistêmica é irrepetível , cada professor@ ,constróe o seu , dentro de um conjunto de variáveis sempre em mutação( pessoais , históricas, políticas, geográficas, geracionais , discursivas, subjetivas, culturais ...).

E então , que perguntas fazemos ao texto para além daquilo que aparentemente ele não disse , ele não formulou ?

Fica uma proposta/desafio de antigas professor@s: Retomá-lo , ( ele, o texto ) auscutá-lo em seus movimentos de pensamento , tendo o fazer docente de vocês ( a escola, a sala de aula de cada um@) como parâmetro de tensionamento... Retomar a pergunta que “não se calou”... É possível uma escola assim, uma sala de aula ASSIM , como a da prof. Luciana , ou isto é apenas uma HETEROTOPIA , como nos provoca Foucault ?

Cotidiários, turma da Pós – Grupalfa em 20 de setembro de 2009

Maria Tereza Goudard Tavares/ Tereza Goudard

Nenhum comentário:

Postar um comentário