segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Professor como agente de mudanças (2)

Desdobrar as palavras, se debruçar sobre seus significados etimológicos. Esmiuçar o texto e levantar questões fazendo-lhe perguntas. Incomodar-se, inquietar-se. Não acostumar-se com repetições que não produzam o novo. Repetições sim, mas repetir com um fazer diferente, criativo, de modo a encontrar o novo no repetido, mas sem técnicas.Ser curioso,investigador,resistente.Mas resistir como aquele que não desiste.Ir além do que diz o texto. Relacionar-se com o objeto de estudo e produzir o conhecimento.Ser um agente de mudanças!
"A identidade profissional do professor se construiu ao longo da história pela sua relação com o conhecimento."
Nas escolas de sábios, "...aquelas escolas em que há uma reunião entre um sujeito que pensa com outros sujeitos..." o conhecimento era produzido pela tríade professor/aluno/conhecimento.Pena! Em algum lugar dessa trajetória isso se perdeu."Havia uma pedra no meio do caminho!..." A pedra da sistematização do conhecimento.Sistematizar o conhecimento?!Como seria isso? Me parece uma tarefa difícil pois há tantas faces uma mesma situação, tantas leituras e interpretações e vivências...Acredito que talvez se tenha tido como resultado apenas padronizar ou limitar o conhecimento para que ele fosse reproduzido na escola!E com isso,ao longo do tempo, a tarefa do professor deixou de ser intelectual e tornou-se mecânica.O professor passou de produtor a reprodutor do conhecimento. Tornou-se meramente um regente de uma sinfonia qualquer cujo seu papel resume-se em tão somente executar o que lhe foi dado. Basta olhar e seguir a partitura!
"...serão hábeis para ensinar mesmo aqueles a quem a natureza não dotou de muitas habilidades...pois a missão não é tirar da própria mente o que deve ensinar..." (Coménio,XXXII-4)
Não há sentido em explicar (abrir a dobra) sem estar implicado (estar dentro) nesse processo.Para que a aula seja um acontecimento precisa-se levar em consideração a lógica do aprendiz. Isso nada tem a ver com a metáfora do organista. Assemelha-se sim com os princípios das escolas de sábios. É preciso então resgatar esses princípios! E cabe a nós, professores agentes de mudanças,desafinarmos a orquestra reprodutora de notas/conceitos e criarmos uma nova melodia, a dos vários sons, dos diferentes indivíduos(seres individuais),dos produtores de diversos conhecimentos, resultado de suas vivências e experimentações.

Concordo Cíntia! A mudança dessa vez começa em nós. Agora conscientes, temos que resistir a estruturas existentes na sociedade e por que não dizer internalizadas por nós mesmos. Temos que nadar contra a maré. Estabelecer parcerias, fazer negociações...Fácil? Quem pensou que seria?

Pri Nepomuceno

(Síntese a partir da leitura do texto de João Wanderley Geraldi – “A aula como acontecimento” realizadas durante as aulas do módulo: Alfabetização e Produção de Conhecimentos.)

3 comentários:

  1. Privilegiados somos nós, educadores, pois temos condições de inovar, de criar, de produzir e não reproduzir o que já está pronto. Temos, muitas vezes, a faca e o queijo na mão, porém temos receio do corte a ser dado... podemos romper com a realidade posta- Simples? Talvez. Trabalhoso? O suficiente para nos mantermos sedentos de aprenderensinar , descobrir, recriar, reinventar e de principalmente aguçar nossa sensibilidade para promover no educando a mudança com significado e a valorização do seu saber.

    Muito sabia a colocação- preparar não só a aula, mas preparar-se para a aula,morando ai,o reconhecimento de que, ao ensinar também aprendemos e que produzimos saber-aluno, professor e conhecimento entrelaçados e aliados em prol de significativas mudanças.

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  2. Pensando no que foi dito na aula e nas discussões a partir do texto de João Wanderley, acredito que o professor precisa estar envolvido na vontade de aprender/ensinar, sabendo que a sua formação é um processo contínuo e inacabado, ou seja, em permanente construção. A reflexão sobre sua prática apresenta uma possibilidade de (re) significação.
    Vimos à necessidade de se rever os processos na atuação docente, em seu cotidiano escolar, com intuito de fazer uma análise visando mudanças, tanto na formação inicial como na continuada dos professores.
    O pensar crítico refere-se à capacidade de entender uma realidade, participar de forma efetiva na sociedade, compreender determinada situação. Assim, se faz necessário o contínuo estímulo à pesquisa educacional em articulação com a teoria pedagógica contextualizada a uma ação, assumindo uma proposta clara e objetiva para a construção da prática cotidiana. Na verdade, nada mais é do que agir com responsabilidade e comprometimento na busca de uma educação de qualidade.
    O que desejamos é que nossa vida e nosso trabalho sejam impulsionados por este incansável e inatingível de (se) (re) construir, buscando sempre conhecimentos necessários, à prática e a mudanças desejáveis no ambiente escolar.
    Graça Guedes

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  3. Passei essas semanas pensando na aula como acontecimento e em mim, professora, agente de mudanças... Pensei nas amarras, nossas amarras, os nós da prática habituada. Assim, mudando também, aos poucos, concluí que a mudança começa em nós mesmos. A mudança do olhar reflete uma nova prática. A mudança do sentir reflete uma nova forma de nos relacionarmos. A mudança da consciência reflete um novo pensamento e novos caminhos. E novos caminhos nos levam para lugares onde nunca fomos, experiências e senações nunca antes sentidas. Para Clarice Lipector "perder-se também é caminho." Para Drummond havia uma pedra no meio do caminho. Mas para Jean Paul Sartre "cada homem deve inventar o seu caminho." Que nos percamos para nos reencontrarmos, que abramos caminhos no meio das pedras e que, a partir daí, inventemos nosso caminho pois segundo Graham Bell, não devemos andar pelo caminho traçado "pois ele conduz somente até onde os outros já foram." Que possamos ir além...

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